domingo, julho 7, 2024
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    Alta do diesel pode causar ‘apagão’ dos transportes no Brasil e prejudicar o setor rural

    Por Khrisman Dias, da Redação

    Os freqüentes reajustes no preço do diesel podem levar o Brasil a experimentar um apagão do seu serviço de transportes de cargas e passageiros. Além disso, as altas poderão impactar negativamente na produção agropecuária do país.

    O alerta está sendo feito por dirigentes de entidades representativas dos setores de transporte e da agropecuária.

    Na última segunda-feira (9), a Petrobras anunciou um novo aumento no preço do diesel nas refinarias, o reajuste de 8,87% entrou em vigor nesta terça-feira (10). É o segundo aumento em menos de dois meses. O último registro foi no dia 11 de março, quando o litro do combustível teve acréscimo de 90 centavos.

    Nas bombas o reajuste para o consumidor final (caminhoneiros, profissionais do transporte de cargas e passageiros) será a metade do valor ajustado, 4,5%. O preço do diesel, que em Cuibá já ultrapassa os R$ 6,00 e em alguns postos se aproxima de R$ 7,00, pode chegar a R$ 8,00.

    O gerente executivo da Associação Nacional dos Agenciadores de Transporte de Cargas (ANATC), Carley Welter, afirma que com o novo aumento pode interferir de forma direta na escoação das safras no próximo mês.

    “O diesel é o principal insumo de transporte, mais de 50% do gasto é com o transporte de carga. Tivemos o reajuste de frete que contrapôs os aumentos anteriores de diesel. Mas agora estamos em situação de entressafra de soja e milho. Movimentamos a safra de soja e agora não sabemos os valores de frete da safra de milho a partir do final do mês que vem”, pontuou o dirigente.

    Segundo Carley, é possível ainda que haja um “apagão” no transporte nos próximos meses caso os aumentos persistam. “Agora não vai causar um apagão logístico, pois estamos com poucos produtos para exportar, mas com certeza vai ocasionar o aumento do frete e consequentemente dos produtos”, prevê ele.
    O gerente afirma ainda que profissionais e empresários estão sendo forçados a abandonarem o setor. “Muitas empresas saindo e autônomos estão abandonando o setor. Com o cenário atual temos muitas empresas entrando em recuperação judicial, vendendo os caminhões não suportando os aumentos sucessivos”, finalizou.

    Transporte coletivo

    Conforme a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, o novo aumento vai reduzir a oferta de ônibus para a população. O presidente da entidade, Francisco Christovam, afirma que é possível que exista uma ruptura na prestação do serviço.
    “As operadoras serão obrigadas a racionar o combustível e oferecer apenas viagens nos horários de pico pela manhã e à tarde. No resto do tempo, os ônibus terão que ficar parados nas garagens. As empresas não querem praticar uma operação seletiva, atendendo apenas linhas e horários de maior demanda, mas serão obrigadas a adotar essa medida radical porque não suportam mais os sucessivos aumentos de custo e os prejuízos”, alertou.

    Caso as operações passem a ser realizadas apenas em horários de pico mais de 43 milhões de brasileiros serão impactados. O presidente afirma ainda que a maior parte do país está impossibilitada de custear os novos aumentos. “A esmagadora maioria das nossas associadas está sem caixa para fazer frente a mais um reajuste; não há como comprar o diesel para rodar, colocar um ônibus na rua com tanque vazio seria uma irresponsabilidade”, completa Christovam.

    No estado de Mato Grosso o transporte coletivo de passageiros recebe críticas constantes pelo serviço fornecido. Os passageiros questionam o mal funcionamento dos veículos e péssimas condições estruturais. O diesel é o item que mais se relaciona com o valor da tarifa dos transportes urbanos e a probabilidade de novos aumentos para os passageiros é quase que certa.

    A associação indica medidas para que o problema seja solucionado – desonerar os tributos sobre os insumos e uma segunda saída seria compensar os lucros obtidos pela Petrobras com o transporte público. A estatal teve lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões, com participação de 36,7% do Governo Federal.

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