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      No clima do Halloween: saiba mais sobre as abóboras morangas, ícone dessa tradição

      Hoje, dia 31 de outubro, comemora-se o Dia das Bruxas – Halloween –, tradição de países com origem britânica e baseada em lendas celtas. Estudos realizados pelos historiadores apontam que o Halloween surgiu de um festival praticado pelos celtas, conhecido como Samhain, era dedicado aos mortos, mas também era uma passagem de ano. O Samhain era realizado todos os anos entre 31 de outubro e 1º de novembro. Além de ser uma passagem de ano e um marco da aproximação do inverno, tinha uma conotação sobrenatural. Os celtas acreditavam que, na época do Samhain, as barreiras existentes entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos deixavam de existir. Sendo assim, os mortos do último ano peregrinariam pela terra antes de irem para o seu destino final.

      Deixando a tradição de lado, onde fica a abóbora nessa história? De lendas em lendas, o Halloween ganhou destaque. As abóboras foram “adaptadas” à decoração do Dia das Bruxas pelos americanos, isso porque, segundo tradição, os irlandeses tinham o hábito de colocar velas dentro de nabos para festejar a data. Quando a tradição chegou aos Estados Unidos, os americanos tiveram dificuldades em encontrar o vegetal e “adaptaram” a tradição, substituindo pela abóbora.

      Mas, para que haja abóboras no Dia das Bruxas e em todas as demais épocas do ano, é preciso que alguém plante. Para isso, foi entrevistado o produtor José Dario da Silva, da cidade de Caucaia do Alto, distrito de Cotia, região metropolitana de São Paulo.

      Ele possui uma propriedade de 36.635 hectares, onde cultiva diversas hortaliças. O sítio batizado de “Moisés Miriam” é especializado em produção de orgânicos. Há 16 anos no ramo de hortaliças orgânicas, José explica que o ciclo produtivo da abóbora moranga pode atingir até seis meses. “De setembro até março estamos colhendo, que é o período climático ideal para a colheita do vegetal”, conta.

      Ainda de acordo com o produtor, para plantar aproximadamente cinco mil metros quadrados no sítio, ele desembolsa em média R$ 400 reais, o que torna o plantio da cultura atrativo a novos produtores. Em relação ao manejo da famosa abóbora, também não há grandes dificuldades. “Nós fazemos a cova e despejamos a compostagem de insumos uma semana antes, para plantar apenas na semana seguinte. Esse tempo é ideal porque caso o produtor despeje a semente junto com os insumos a compostagem pode fermentar, o que causaria a perda da semente”, esclareceu.

      Entre os insumos usados para o plantio da abóbora moranga estão a mamona, cocheira, serragem e farelo de arroz, além do calcário que deve ser depositado na cova e é primordial para o plantio. Ainda de acordo com José Dario, após quatro meses o produtor já pode fazer a colheita do vegetal. “Esse é o tempo em que o produtor já irá colher a abóbora maturada, pronta para comercializar”, afirma.

      Manejo

      Outro aspecto que torna o cultivo da abóbora moranga atrativo é que o manejo deste vegetal exige pouquíssimos cuidados. “A maior preocupação é em relação ao tempo. A cultura não se dá bem com o clima frio, portanto, de setembro a março, é o período de grande produtividade. Após o plantio, o produtor só precisa ficar atento às primeiras ramas e, assim que surgirem é necessário capinar na enxada. Fora esse requisito e além da adubação – que é feita logo no início do plantio – é só aguardar a chuva e deixar que a abóbora termine de se desenvolver por conta própria. Não há grandes considerações em relação aos cuidados, por isso é uma boa opção”, garante o produtor.

      Segundo o horticultor, é necessário deixar um espaço de aproximadamente 40 centímetros de diâmetro de uma cova a outra, para que o vegetal se desenvolva por completo. “Depende muito do cultivo e não há um tamanho ideal de abóbora moranga. Tem abóbora que dá 60 (cm) ou mais, varia muito. Eu, por exemplo, cheguei a produzir uma abóbora moranga de 15 quilos”, ressalta.

      Normalmente as abóboras moranga produzidas no sítio de José variam entre seis e sete quilos, cada uma e são comercializadas a R$ 5 reais por quilo. “Para quem compra por atacado há desconto, o valor cai para R$ 4 reais o quilo”, frisa.

      Sobre o plantio, José enfatiza que com apenas uma semente pode-se obter mais de uma colheita. “O plantio é anual, mas o produtor pode ter até três colheitas, como é o meu caso”, afirmou o agricultor, que há pouco mais de 20 dias plantou abóbora moranga e planeja colher até janeiro ou fevereiro de 2013. “Depois de janeiro, a próxima colheita será feita em um período frio, perto do inverno. Essa é a hora de colher tudo e armazenar”, analisou.

      Benefícios da cultura

      Por ser uma cultura de fácil manejo, boa produtividade e lucro dentro do esperado, José Dario recomenda o cultivo e enumera os benefícios para quem pretende iniciar no ramo. “É fácil de cultivar e dependendo da safra você consegue uma durabilidade maior, ou seja, o produtor precisará trabalhar nela no máximo duas vezes durante a época de plantio, depois ela faz o trabalho por conta própria até a hora da colheita. Além do mais, traz um bom retorno”, ponderou José.

      Em média, José Dario produz por safra de 500 a 600 quilos da abóbora. Tudo é comercializado em uma banca na feira de Cotia, em São Paulo.

      Para o produtor o ramo de orgânicos apresenta maior dificuldade, afinal de contas, o trabalho é todo manual. “Não usamos produtos químicos, talvez seja essa a maior dificuldade, pois muitas vezes falta mão de obra para fazer a limpeza das plantas. O que é prático para a agricultura normal, para nós é dez vezes mais trabalhoso”, argumenta.

      Para finalizar, seja para enfeitar casas e festas no fim de outubro em alusão ao Halloween ou para comercializar e distribuir em mercados e feiras ao redor do país, José Dario dá dicas aos produtores que desejam iniciar o plantio de abóbora moranga. “É um tipo de hortaliça ideal para o pequeno produtor. De uma forma geral, para quem está iniciando no ramo de hortaliças, é importante saber que a área de legumes dá lucro e a mão de obra é pequena. A abóbora moranga em especial é muito fácil de cultivar, depois que ela forma não dá mais ‘mato’, ou seja, poupa trabalho ao produtor. É um vegetal que pode ser usado como um bom exemplo de cultura ideal para quem está começando”, conclui Dario.

      Rebecca Arruda

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