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      Estudo do Insa mostra desafios para a produção agropecuária no semiárido

      A pecuária é a principal atividade nas propriedades rurais do semiárido, segundo estudo divulgado pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa). Cerca de 40% da região é usada para a criação de animais. Entretanto, a seca tem forte impacto nos pastos, reduzindo a oferta de alimento para os rebanhos. O estudo foi realizado a partir de dados do Censo Agro 2017, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Com 1,127 milhão de km², o semiárido abrange 1.262 municípios de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

      De acordo com o diretor do Insa, Salomão Medeiros, um dos desafios é garantir a sustentabilidade das áreas de pastagem. Para isso, defende a ampliação do uso da palma forrageira como fonte de alimento para os animais. “Temos que avançar na questão de pastagem, porque elas são naturais e a realidade tem mostrado que elas não são suficientes para manter o rebanho. A palma forrageira é um alimento rico em nutrientes e extremamente resistente ao ambiente árido. É uma alternativa interessante, e temos pesquisas voltadas ao desenvolvimento e disseminação junto aos produtores de gado”, afirmou.

      Para Medeiros, o retrato das propriedades rurais do semiárido serve para nortear o desenvolvimento de ações quem melhorem a produção agrícola e pecuária na região. Segundo o estudo do Insa, a agricultura ainda tem produção arcaica, com pouco uso de maquinário. “Nossa agricultura ainda é muito primitiva. Mesmo em relação ao uso de maquinário básico de preparação do solo, a utilização é muito baixa. Precisamos avançar muito nesse aspecto para melhorar a produtividade. A boa notícia é que semiárido pratica uma agricultura orgânica – 17% usam adubação orgânica e apenas 7% recorrem à adubação química. Isso mostra uma abordagem agroecológica da produção”, ressaltou o diretor do Insa.

      Acesso ao crédito

      O estudo também faz uma análise do acesso ao crédito pelos agricultores. A produção foi financiada em apenas 13% das propriedades rurais do semiárido. Isso porque, para pedir um  empréstimo, as propriedades devem ter um tamanho mínimo, chamado módulo fiscal, definido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em cada cidade brasileira, variando de 5 a 110 hectares. No semiárido, cada estabelecimento agropecuário tem, em média, 29 hectares de área. Mas em muitas das cidades analisadas, segundo Salomão Medeiros, o tamanho mínimo é de 40 hectares.

      “Quando comparo essa área média do módulo fiscal em grande parte do semiárido, a área média é menor que o módulo fiscal. Por isso, é impeditivo para obter financiamento. Mas acredito que esse estudo nos mostrou que esse é um gargalo para o produtor do semiárido e podemos criar estratégias para auxiliar na formatação de políticas públicas que atendam essa parte da população”, disse.

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