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      Anvisa conclui análise e diz que o agrotóxico mais usado no Brasil não causa câncer

      A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu sua reavaliação toxicológica do glifosato, o agrotóxico mais usado do Brasil e no mundo. O parecer da área técnica é de que seu uso pode continuar sendo permitido no país, já que não causa prejuízos à saúde.

      Antes de a agência finalizar a regulamentação sobre a questão, no entanto, ela vai abrir consulta pública por 90 dias para que a sociedade possa se manifestar. A decisão final sobre a substância, no entanto, só será tomada após o período de consulta pública que a agência abrirá por 90 dias para que a sociedade possa se manifestar.

      O glifosato é o principal ingrediente ativo de diversos herbicidas usados em plantações e jardins. São 110 agrotóxicos com a substância comercializados no Brasil, produzidos por 29 empresas diferentes, segundo a agência. Em 2017, cerca de 173 mil toneladas de produtos com glifosato foram usadas no país.

      A reavaliação toxicológica da substância vinha ocorrendo desde 2008. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (26) e a conclusão foi que a substância “não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas” – ou seja, não causa câncer – e “não é um desregulador endócrino” – não interfere na produção de hormônios.

      “Glifosato não se enquadra em critérios de proibição. Nossa recomendação é para a manutenção da permissão da substância e pela adoção de medidas de mitigação de risco”, afirmou Daniel Roberto Coradi, da GGTOX, a área de análise toxicológica da Anvisa.

      Para chegar a essa conclusão, os técnicos da agência analisaram estudos científicos, relatórios de organismos internacionais, dados oficiais de monitoramento em água e de intoxicações e estudos das empresas que registraram a substância.

      A análise da Anvisa também atualizou recomendações sobre o uso do ingrediente. O limite para exposição diária deve ser de no máximo 0,1 ml por kg de peso corporal para o trabalhador que faz a aplicação – e que está em contato com a substância diariamente. Para os consumidores dos produtos, o limite é de de 0,5 ml por kg de peso corporal.

      A proposta de regulamentação diz que o ingrediente não deve mais ser comercializado na forma concentrada para uso doméstico em jardins: a ideia é que ele seja vendido já diluido, na concentração recomendada. Isso porque a preparação do produto em ambiente doméstico pode levar a irritação ocular, diz a GGTOX.

      A agência também analisou a possibilidade de intoxicação aguda – quando uma quantidade muito grande do herbicida é ingerida de uma vez. Para isso, avaliou 22 mil amostras de água – cerca de 26% continham traços de glifosato e 0,03% das amostras de continham glifosato acima do limite permitido.

      Segundo Coradi, a concentração encontrada é considerada baixa. Junto com os traços do herbicida em alimentos (arroz, manga e uva), o máximo a que a população pode estar exposta é de 4,37% da quantidade que poderia gerar intoxicação.

      A Anvisa também afirma que é preciso melhorar a capacitação de quem aplica a substância. Segundo o órgão, mais de 60% dos trabalhadores que aplicam os agrotóxicos não completaram ensino fundamental.

      “Há muitos desafios para que o trabalhador entenda o risco. Cursos padrão podem ter limitação para atingir os afetados”, diz Coradi, da GGTOX.

      Apesar da análise das agências de regulação, uma parte da comunidade científica é contra a continuação do uso do glifosato – posição compartilhada por ativistas de defesa do meio ambiente.

      Fonte: G1

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